A encomenda foi feita pelo Zé que nos pediu o NikaDoll do irmão Téo: sorridente, vestindo uma de suas queridas camisas xadrez e com alguma coisa que indicasse sua profissão (ele amava ser médico). E finalizamos o desenho assim:
Ah.... mas como contar um pouco mais sobre essa história aqui no blog? Por onde começar? Todas as nossas tentativas de escrever aqui, não chegaram nem perto de passar todo o amor, todo carinho e admiração que encontramos ao ler o relato do Zé. Então, pedimos licença, para usar as palavras dele, quase na íntegra, para deixar aqui a emocionante homenagem à essa pessoa tão querida e tão amada, o Téo:
"Eu procurei e quis fazer o NikaDoll para continuar seguindo em frente... Eu, mais do que nunca, preciso criar, preciso 'fazer arte", no melhor sentido da expressão..... A gente cria, transforma, deixa o coração falar.... deixa mais poético o que é tão duro "na vida real"..... E reconheci tudo isso quando eu abri a sua página de vocês: Arte, coração e amor! Tive certeza absoluta que era a pessoa certa para "dar asas" a minha imaginação. rs E assim vocês fizeram... de uma maneira linda. Obrigado e parabéns!!!!
Eu revelei o NikaDoll ali na frente, na igreja, na parte do texto que eu falo do meu anjinho.
E uma das miniaturas eu dei para o Padre, que ficou muito emocionado (quando ele celebrou a missa de 1 mês, ele me confidenciou que também perdeu um irmão com 28 anos... Fui esse ano falar que a missa tinha que ser com ele. Ele disse que fazia questão de celebrar... foi lindo!)
E uma das miniaturas eu dei para o Padre, que ficou muito emocionado (quando ele celebrou a missa de 1 mês, ele me confidenciou que também perdeu um irmão com 28 anos... Fui esse ano falar que a missa tinha que ser com ele. Ele disse que fazia questão de celebrar... foi lindo!)
Segue abaixo o texto que li na missa:
Começar a escrever sobre o meu irmão é saber que eu vou escrever, pelo menos, umas 17 páginas de prólogo, antes mesmo da história começar. Por isso eu marquei a missa na 6ª feira, que ai ninguém tem pressa, ninguém tem que acordar cedo no dia seguinte.... Brincadeira.
Falar sobre o meu irmão é saber que nada será o suficiente para descrevê-lo... nem mesmo 17 páginas de prólogo.... 365 dias se passaram e eu ainda sonho com o dia que eu vou acordar, ele estará na minha frente e vai falar: "foi tudo brincadeira, eu to aqui, moleque, eu sou sinistro, enganei todo mundo."
Tudo na vida do Téo aconteceu ao contrário da ordem natural das coisas... até mesmo a sua chegada... até mesmo a sua partida..... Por isso, vou jogar meu prólogo para o final do texto, que eu acho que ficará mais coerente com a sua passagem pela Terra onde, ao contrário de todos os contos de fadas: todos viveriam felizes para sempre a partir do seu nascimento. E aprendemos a escrever um novo “Era uma vez” com a sua morte.
Ano passado, na missa de 1 mês, eu escrevi um textinho.... tá, um texto de 12 páginas... E, para alívio de todos, eu não li.... os corações estavam destruídos, as emoções estavam afloradas e eu preferi não ler. Depois, mostrei o texto ao Padre, que me respondeu: “Você um dia deve ler este texto em público”.
Peguei o texto agora... olhei... olhei ... olhei.... tudo o que eu queria falar hoje estava ali... continua igual....mesmo depois de 1 ano.... 1 ano que, ao mesmo tempo, passou tão rápido e demorou uma eternidade. A saudade... a dor... a falta... os pesadelos.... tudo igual.... Talvez a única mudança, de lá para cá é que naquela época a gente queria, de certa forma, prendê-lo aqui conosco... Hoje a gente quer libertá-lo.... Por isso, transformei meu texto de 12 páginas em um texto de 1 página e meia... porque mais que isso, O Téo ia achar muito chato....
Estamos aqui para falar , basicamente ,de uma coisa: o privilégio de termos sido personagens na história que esse menino contou lindamente por aqui durante seus intensos e únicos 28 anos, 6 meses, 15 dias, 15 horas e 26 minutos...
O Téo tinha o dom de colocar cada um no seu lugar.
O Téo tinha a generosidade e a competência de ser protagonista e condutor da sua própria história e, ao mesmo tempo, não deixar ninguém ser coadjuvante. Tinha um lugar principal para todo mundo. Tinha um lugar principal para cada um.
E como lembrar do Téo sem falar do XADREZ?! Porque será que ele gostava tanto de camisa xadrez? Como o Padre falou na missa de 1 mês, essas camisas quadriculadas lembram uma grande festa.... E eu não sei porque, há um ano, sempre me vem a cabeça, literalmente, um jogo de xadrez.... Um jogo que precisa ter inteligência, calma.... um jogo que conta com 8 linhas horizontais e 8 linhas verticais... o que me dá a impressão de uma inteligência infinita! Talvez a única diferença no xadrez do Téo é que ele não separava as peças brancas das peças pretas. As peças eram de todas as cores e misturadas. No jogo da vida do Téo, ele construiu torres, alimentou os cavalos, tratou da mesma forma os bispos e os peões, passou todas as coordenadas para a Rainha e, quando a vida lhe deu o XEQUE-MATE, ele disse: “Graaaaaaande jogada. Mas eu também sou Rei!”
Hoje a festa é no céu.... e é uma festa muito animada. [...]
Trouxe aqui para a minha mãe, o meu pai e para a Laila um anjinho que eu, na minha religião que mistura um pouquinho de todas as religiões, mandei fazer. Um anjinho que une a família, que sempre foi além das diferenças, e transformou os famosos “grandes problemas’ do dia-a-dia em nada.... Mas esse anjo veio com asas, eu fiz questão, que é justamente para deixarmos ele voar!
Dentro de nós ele estará sempre e para sempre!
Antes de terminar, eu gostaria de agradecer a todos que nos acompanharam e continuam nos acompanhando no ANTES/ DURANTE/ DEPOIS de tudo. Sem vocês... continuar seria impossível.
Bom, pra terminar... vamos ao tão esperado “prólogo” desse texto.... Talvez essa inversão seja a maneira de ter (pelo menos, teoricamente) a certeza angustiante que o FIM é só um NOVO INÍCIO.. E o meu prólogo é uma musica: AGONIA, de Oswaldo Montenegro. Uma musica que representa o que eu sinto... Uma música que me vem, diariamente, a cabeça. [...] Eu não sabia se eu iria cantar ou falar a letra da música... Eu já não canto nada... Mas, pelo Téo, eu pagaria esse mico.... Só por ele.....[...]
Eu tenho certeza que se todos ficarmos em silêncio absoluto nesse momento, é bem capaz de ouvirmos o eco do Téo falando lá em cima, de uma forma forte e articulada: “FALA SÉRIO, JOSÉ!”.
E aproveitando o embalo da sua gargalhada que, com certeza, virá depois dessa sua fala, eu digo: Téo, eu te disse isso em vida... Eu te disse isso na véspera da sua partida... eu disse isso para o seu corpo, na certeza que a sua alma estava escutando e repetirei sempre: Eu te amo e você é a melhor pessoa que eu conheci na vida. Obrigado por ser meu irmão. E por você eu pago todos os micos do mundo..... E eu tenho certeza absoluta que por aqui.... por ai... por lá... daqui um tempo.... daqui a todos os tempos..... ainda vamos nos encontrar para várias folias....."
Difícil não se emocionar...
É.. Talvez, lá de cima, o Téo tenha arrumado essas 'peças de xadrez' para que nosso caminho se cruzasse com o dessa família maravilhosa e nós somos muito gratos, do fundo do coração, por poder fazer essa pequena participação nessa história fantástica.
Nós não poderíamos deixar de agradecer ao Zé por ter nos escolhido para esse trabalho e por ter dividido conosco essa linda demonstração de amor feita ao irmão, uma verdadeira lição para todos nós. Nós temos certeza que ele deve estar lá em cima, olhando por vocês com esse sorrisão e todo orgulhoso dessa família incrível que ele tem.
Em nome de toda a equipe, mais uma vez, Muito Obrigado!